Sessão Solene histórica marca os 90 anos do Sindicato dos Metalúrgicos
10 de março de 2023
Em solenidade na quinta-feira (09/03), os vereadores saudaram os trabalhadores e trabalhadoras da categoria e dirigentes da entidade
A homenagem aos 90 anos do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região lotou o plenário da Câmara de Vereadores na noite de quinta-feira (09/02).
A Sessão Solene foi conduzida pelo presidente Zé Dambrós/PSB e o vereador Renato Oliveira/PCdoB, autor da homenagem, falou em nome dos vereadores.
O vereador Renato Oliveira/PCdoB, que também é metalurgico, fez questão de destacar sua história como Sindicato. “Eu tive a honra de ser vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Hoje sou diretor da entidade e sócio por aproximadamente 40 anos. A história desse sindicato é muito maior do que se pensa. Uma trajetória de lutas, conquistas e muito trabalho. Hoje, aos 90 anos de sindicato, parabenizo o presidente Assis Melo e todos os que formam a entidade, abraçando todos os sócios. Parabéns pela homenagem. Vocês merecem”.
O presidente do sindicato, Assis Melo, agradeceu pela homenagem dos vereadores. Disse que os 90 anos da entidade representam a luta de quem sempre procurou seus direitos previstos em lei.
“O Sindicato dos Metalúrgicos completa 90 anos com os olhos para o futuro. Com os olhos num Brasil que respeite seu povo e garanta seus direitos políticos, sociais e civis. É preciso que nós voltemos nossa defesa para a humanidade. Nós precisamos nos respeitar como seres humanos. A humanidade não precisa de guerra mas de educação, de lazer e de cultura”, finalizou Assis Melo.
Assis também deixou um recado para aqueles que pretendem acabar como Sindicato. “Às vezes não entendido, às vezes caluniado, mas mesmo assim, permanece vivo. Mas por que que fizeram o sindicato? Quem é ele? Onde ele anda? Na verdade, o sindicato são os trabalhadores e as trabalhadoras. Foram eles e elas, e continuará sendo quem vai fazer o sindicato permanecer vivo.”
“Mas daqui mesmo, disse que sairia com esse sentimento da Câmara, pelo pouco tempo que ficou aqui, de que não conseguiu acabar com o sindicato. O sindicato não acabará. O sindicato é fruto da luta dos trabalhadores, mas é também fruto do próprio sistema, do sistema capitalista.,” reforçou o presidente Assis Melo.
Ao final da solenidade, o presidente do Sindicato recebeu diversas homenagens de entidades como a UBM, União Brasileira de Mulheres. Destaque também para a presença do vice-presidente do SIMECS, Gustavo Souto Polese e do ex-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Paulo Spanholi.
Breve histórico do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul
O movimento sindical entre os metalúrgicos de Caxias do Sul surge por volta de 1928. Inicialmente, os trabalhadores e trabalhadoras participavam da Sociedade dos Metalúrgicos que fazia parte da sociedade União Operária. As reivindicações da época eram pela redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e pela regulamentação das relações de trabalho a partir da carteira profissional. Em 6 de março de 1933, foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e região, e teve início sua consolidação como instrumento de luta da categoria. Nesse período, havia grande repressão ao movimento sindical.
A partir dos anos 50, um ambiente mais democrático permitiu maior mobilização. Em 1963, os metalúrgicos e metalúrgicas da cidade organizaram uma das maiores greves da história de Caxias do Sul. A categoria reivindicava melhores condições de trabalho, melhores salários e melhoria da vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Nesse período, destaca-se a liderança de Bruno Segalla. O metalúrgico, presidente do sindicato, ocupou cargos como vereador e deputado estadual, além de exercer sua atividade como artista plástico.
O golpe civil-militar de 1º de abril de 1964 inaugurou um ciclo de dura repressão ao movimento sindical brasileiro. Lideranças operárias foram perseguidas, e entidades sindicais foram desmanteladas. Em 9 de Abril de 1964, o sindicato dos metalúrgicos sofreu intervenção do Ministério da Guerra, que nomeou um general interventor. Foi um tempo de muito arrocho salarial. Em 1967, a ditadura acabou com a indenização de um mês de salário por ano trabalhado e com a estabilidade de emprego a partir de 10 anos de empresa, entre outras medidas.
Nos anos 70 e 80, o modelo autoritário excludente dos governos militares encontrou a forte resistência do movimento sindical nas ruas. Assembleias, greves e mobilizações foram realizadas para a luta por direitos, e o sindicato firmou posição clara e contundente nas campanhas de redemocratização, como as Diretas, já! e pela Constituição Cidadã de 1988.
Na década de 90, os trabalhadores e trabalhadoras enfrentaram o neoliberalismo representado pelos governos de Collor e FHC, cuja política econômica colocou o Brasil em um período de perda de direitos, crescimento da inflação e privatização de serviços públicos. O movimento sindical esteve firme defendendo um projeto de país soberano e mais desenvolvido, longe da lógica de Estado Mínimo para o povo e Estado Máximo para as elites.
A ascensão do movimento sindical iniciada nos anos 80 e a firme resistência nos anos 90 elevaram a capacidade de mobilização e luta dos metalúrgicos e metalúrgicas caxienses. A partir dos anos 2000, o metalúrgico Assis Melo foi eleito presidente, e o sindicato se consolidou de vez na posição de uma das maiores e mais combativas entidades sindicais do país. Assis Melo foi eleito o vereador mais votado da história de Caxias do Sul e, posteriormente, eleito deputado federal. Importantes direitos foram conquistados durante esse período: os dissídios de 2003, 2010 e 2020, por exemplo, ficaram entre os maiores reajustes do país. Além disso, grandes movimentações foram realizadas, como a luta contra a Emenda 3, em 2007, uma das maiores mobilizações do país. Em fevereiro de 2010, os trabalhadores e trabalhadoras que estavam em luta pelo PPR da Randon enfrentaram dura repressão e violência policial, em um episódio que entrou para história da cidade. Em 2017 e 2019, duas greves gerais convocadas no país também tiveram mobilização na cidade. Milhares de trabalhadores e trabalhadoras foram às ruas em defesa de direitos que estavam sendo atacados pela reforma trabalhista e previdenciária. Mais recentemente, em 2020, mesmo com o cenário da pandemia, os metalúrgicos e metalúrgicas caxienses conquistaram um dos maiores reajustes salariais do país.
Com muita força e união, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e região comemora 90 anos de importantes lutas e firme defesa da DEMOCRACIA, dos DIREITOS da categoria e de uma sociedade mais JUSTA e IGUALITÁRIA. Tendo sua base territorial atualmente composta pelos municípios de Caxias do Sul, São Marcos, Antônio Prado, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Nova Pádua e Nova Roma do Sul segue com suas finalidades. Entre elas unir todos, trabalhadoras e trabalhadores, representados na luta em defesa de seus interesses; promover ampla e ativa solidariedade com as demais categorias de trabalhadores e trabalhadoras, apoiando os povos do mundo inteiro na luta pelo fim da exploração do homem e pelo homem; defender a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo; incentivar o aprimoramento cultural, intelectual e profissional do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras da base; celebrar convênios, convenções e acordos coletivos de trabalho; negociar dissídios coletivos de trabalho em nome da categoria.