Banco Central na contramão do Brasil
08 de novembro de 2024
Por David Fialkow
O Banco Central subiu a taxa básica de juros de 10,75% para 11,25% ao ano, uma alta de 0,5%, que é considerada de grande porte. É uma balde de água fria na atividade econômica e pode afetar negativamente a indústria, o comércio e os serviços. Juros altos encarecem prestações de bens e serviços e limitam a produção, pois os empresários vão preferir aplicar em papeis em vez de na atividade produtiva.
Desde 2023, o país vem numa trajetória de crescimento econômico e geração de empregos. Isso desagradou os rentistas, que entraram em cena para melar tudo. Rentistas são os que vivem de juros, sem produzir coisa alguma. O crescimento faz bem a empresários e trabalhadores, mas é mal visto pelos rentistas.
Só se justificaria subir os juros se houvesse consumo muito elevado. Mas não é o que se verifica. As melhoras havidas no nível de emprego e renda são insuficientes frente às necessidades das pessoas comuns, cujo orçamento permanece apertado. Uma melhoria consistente se obteria com crescimento durante longos anos seguidos.
Mas, a inflação atual é de custo. E esta não se combate com juro alto. Veja-se o caso das contas de energia, que encareceram porque foram acionadas as usinas térmicas, mais caras que as hidroelétricas, afetadas pela seca. Elevar o juro não reduz o custo da energia, só dificulta a vida das famílias.
Ocorre que juros altos são a seiva dos magnatas do capital financeiro, que ganham às custas do orçamento público, sustentado pelos impostos que a sociedade inteira paga. A alta dos juros não se formou ao sabor do livre mercado, da interação de oferta e demanda. Ela decorreu de um ato de vontade de nove pessoas, os membros do Copom, órgão do BC, reunidos em 07/11.
Em outra vertente, os rentistas pressionam para o governo cortar verbas de aposentados, educação e saúde, dizem que é preciso equilíbrio fiscal. Falam em cortes de R$ 23 bilhões. Mas o aumento de 0,5% do juro gera despesas adicionais de R$ 40 bilhões. Este aumento de despesa eles defendem, pois os beneficia. Querem equilibrar o orçamento às custas das áreas sociais e medidas recessivas. Para o sofrimento do trabalhador e do empresário.
O Sindicato se opõe frontalmente à alta do juro e ao corte de despesas sociais. Chega de pôr o peso de tudo nas costas do povo e da produção. São os rentistas que perturbam a economia, eles que paguem por isto.