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Outubro Rosa : conheça Cida, a metalúrgica que superou o câncer com uma lição de vida e autoestima

09 de outubro de 2023

Foi a época que mais aproveitei a vida. Eu vivia cada dia como se fosse o último.”

Aparecida de Carvalho Porto nasceu no dia 19 de fevereiro de 1980 no município de Capitão Leonel Marx, no Paraná. Veio para Caxias em 1989. Tinha 9 anos. É metalúrgica desde 2012. Começou na Marcopolo e continua lá até hoje. Iniciou como auxiliar de produção e atualmente é eletricista. É casada com o Adilson há 7 anos. É mãe de gêmeas de 6 anos: a Joana e a Luíza.

Teve diagnóstico de câncer com 31 anos. Ela conta que sempre foi viciada em academia. E, durante os treinos, percebeu ínguas pelo corpo, principalmente embaixo das axilas. Costumava fazer o autoexame, porém nunca pensando que pudesse ter algo grave. Até que percebeu algo diferente na mama. E logo foi na ginecologista que rapidamente a encaminhou para uma mastologista. Na primeira consulta ela já pediu todos os exames necessários. Na ecografia já foi detectado um nódulo. E na Biópsia foi detectado um mioma maligno. “Perdi o chão. Pensamos em morte, não vem na mente que podemos reagir em um primeiro momento.”

Amiga nos momentos de festa e de dificuldade

A primeira pessoa que ela contou a notícia foi para a melhor amiga, a Miriam. “Ela me acompanhou em tudo. Na quimioterapia, radioterapia, consultas e exames.”

Cida conta que era solteira na época e levava uma vida normal, de trabalho e sair para se divertir. “Teve aquele baque inicial. Os médicos falam em tratamento, possibilidade de cura, que não vai se espalhar. Mas existe o contrário, que o organismo não vai reagir, que é de pessoa para pessoa.”

Depois da notícia inicial, veio o enfrentamento da doença. “Porém, depois voltei ao normal. Foi a época que mais aproveitei a vida. Eu vivia cada dia como se fosse o último. Não viajava e comecei a viajar. Conheci muitos lugares, Cambará, praias daqui e de Santa Catarina.”

Cida conta que não caiu em depressão. Mesmo quando, após cinco dias da primeira quimio, já começou a perder o cabelo. “Em uma semana fiquei careca. Raspei antei de perder tudo. Uma amiga cortou meu cabelo chorando e eu dando risada. Eu dizia, o cabelo cresce. Meu cabelo ia até a cintura. Quando o cabelo voltou, ficou mais forte e assumi o black. Eu fazia progressiva antes, alisamento.”

Na galeria de fotos que ilustra essa reportagem, uma delas chama muito a atenção. Em uma festa, a amiga Miriam segura uma cerveja, e Cida segura uma garrafa de água. “Foi assim durante dois anos. Não parei de sair, de me divertir. Só na água. E antes sempre gostei de uma cervejinha.”

Ela só contou aos pais da doença depois de curada. “Meus sete irmãos estavam aqui em Caxias e me apoiaram o tempo todo. Já meus pais moravam no Paraná na época. Só contei para eles depois que tive diagnóstico de cura.”

Uma lição de autoestima

Cida diz que nem pensou em usar peruca. “Me gostei careca. Me arrumava para ir nas festas mas sem peruca. Nas festas era comum ouvir alguém dizer: tu é linda, desfila para algum lugar? Sim, para o Instituto do Câncer, eu respondia.” Um pensamento que sempre esteve com ela foi: ou tu se entrega para a doença e morre ou decide viver. “Eu decidi viver.”

Desfilando para o CAPC

O Centro de Auxílio às Pessoas com Câncer, promove diversas atividades de conscientização sobre a doença. Entre as atividades, realiza desfiles de moda. Cida foi modelo durante várias edições. “Conheci a Andreia, presidente do CAPC, em uma reunião no Sindicato dos Metalúrgicos. Ela me convidou para fazer os desfiles. Fiz os desfiles de 2011 a 2021 em Shoppings da cidade. Participo ainda no CAPC contando minha história.”

Demissão após o diagnóstico

Ficou afastada do trabalho durante os dois anos de tratamento e quando retornou foi demitida. Em dois meses já estava trabalhando na Marcopolo. Continuou fazendo academia. Mudou a alimentação. “Não conseguia comer derivados de leite e cítricos. Tentei mas passava mal, dava enjoo. A Miriam ou a Rose, minha irmã, sempre dormiam comigo quando eu fazia quimioterapia.”

“Passei muito mal na primeira quimioterapia. O vapor do chuveiro me fazia passar mal. O cheiro da comida também. Foi o momento que mais me abalou. Vomitava muito. Mas depois passou.”

Fazia exames de sangue de 15 em 15 dias. Fez 34 quimioterapias. Na quimio número 30, os exames começaram a mostrar que o organismo estava reagindo. “Tive parte do pulmão queimado por causa da radioterapia, que também fazia de 15 em 15 dias.”

Um dia para comemorar: 11 de novembro de 2013

No dia 11 de novembro de 2013, a mastologista Fernanda Baldisseroto deu o diagnóstico final. “Ela é muito pra cima. Muito feliz, com um sorrisão no rosto. Tu é mais uma das minhas pacientes curadas, ela me disse. Ela também fez parte da minha superação.”

Sentindo que estava melhorando, acreditando que a vida estava dando outra oportunidade, a primeira pessoa que ligou para contar que estava curada foi a Miriam. “Comemoramos muito. Daí sim, saímos para tomar aquela cerveja, sem exagerar, é claro.”

Uma mensagem para quem está passando pela mesma situação

“A experiência com o câncer é muto difícil para nós mulheres. Quimio e radio tira a autoestima. O câncer de mama atinge um ponto que é a vaidade, a feminilidade. Porém temos que superar. Olhar para dentro de si. Não achar que a doença vai acabar com sua vida. A depressão é que faz a doença te atingir mais ainda. Não deixei isso acontecer. Hoje estou aqui e posso contar minha história.”

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